Em quase um século de emancipação política, apenas 15 mulheres se elegeram vereadoras em Bom Jesus da Lapa

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Imagens de três vereadoras com mandato em 2020 e três ex-vereadoras. Nos 96 anos de emancipação. o legislativo soma apenas 15 mandados de mulheres.

Apesar de representarem a maioria da sociedade lapense, as mulheres vêm tendo condições mínimas de influenciar a aprovação das leis e as políticas públicas de Bom Jesus da Lapa. Nos últimos 96 anos, elas só foram eleitas 15 vezes por meio do voto no município.

A constatação é resultado de uma pesquisa realizada pelo site Notícias da Lapa, a partir das informações repassadas pela Secretaria do Legislativo Municipal.

Foram consideradas todas as 23 eleições realizadas do final de 1980 a 2017.

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Confira o nome das mulheres que já ocuparam ou estão ocupando um cargo no legislativo municipal de Bom Jesus da Lapa:

Nome Mandato Período
Arestina Xavier de Miranda ———
Eremita Pereira da Silva Oliveira 01 1983/1988
Tânia Pena Bordin 01 1989/1992
Délia Sento-Sé Magalhães Cordeiro 01 1989/1992
Vera Lúcia Magalhães Lisboa 01 1989/1992
Maria da Conceição Rodrigues Rocha da Silva 01 1989/1992
Ayrleide Maria Miranda Pereira 03 1993/1996 1997/2000 2001/2004
Maria Lima dos Santos 01 1991/2004
Amélia Sento-Sé Magalhães Gomes 03 1997/2000 2001/2004 2005/2008
Ceres Leonídia Leão de Magalhães 01 2001/2004
Maria Alves Rocha 02 2005/2008 2013/2016
Maria Leles de Oliveira 03 2009/2012 2013/2016 2017/2020
Rita de Cássia Ribeiro Pereira 02 2013/2016 2017/2020
Romélia Maria de Almeida 01 2013/2016
Andreia Luiza dos Santos 01 2017/2020

 

De acordo com a tabela apresentada, o ano em que o Poder Executivo teve uma maior participação feminina foi no mandato de 1989 a 1992, com quatro cadeira ocupadas por mulheres. No entanto, nos anos seguintes,  apenas uma mulher conseguiu se manter no Legislativo. Participação que voltou a aumentar na última eleição, para o mandato de 2017 a 2020, com 03 representações, considerando que uma das vagas foi assumida através da suplência, no caso da Vereadora Andreia, que assumiu o lugar do Vereador Erivelton Radson, que  se licenciou para assumir o cargo de Secretário Municipal de Esportes.

Uma pesquisa recente sobre o  Perfil da Mulher na Política, elaborada pelo projeto Me farei Ouvir e pela ONG Elas No Poder, aponta que  40% das mulheres dizem “não ter perfil” para política. Mostrando que  Brasil ainda é um dos países que menos tem mulheres exercendo cargos políticos. Uma série de fatores influenciam essa realidade. Entre elas, a falta de incentivo social e financeiro.

Nesse contexto, a pesquisa Perfil da Mulher na Política, elaborada pelo projeto Me farei Ouvir e pela ONG Elas No Poder buscou saber o porquê as mulheres não se candidatam.

Em questionário baseado em uma plataforma online, respondido por 4.111 participantes em todas as regiões do Brasil, entre as mulheres que afirmaram não querer se candidatar, a justificativa mais comum foi “falta de perfil” (40,6%), seguido de “não está no foco” (20,10%) e “desinteresse” (13,7%). Há, ainda, “incompatibilidade com partidos” (2,5%) e “falta de apoio” (1,7%).

Para cientista política Letícia Medeiros, pesquisadora e cofundadora do Elas no Poder, o resultado da pesquisa mostra como as mulheres ainda não são compreendidas como peças de um ambiente político, principalmente porque as áreas no processo de socialização feminina mais comuns são no espaço privado.

Baseada também em estudos internacionais, a cientista política afirma que além do baixo incentivo social, há outros entraves que afastam as mulheres da política: a ambição; a dupla jornada, o ambiente partidário masculino e diretórios compostos por homens, que decidem quem se candidata e com quanto será bancada.