
Durante um discurso realizado na última sexta-feira (2), na cidade de América Dourada, no interior da Bahia, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) causou polêmica ao afirmar que os eleitores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deveriam ser levados “para a vala”. A fala aconteceu diante de uma plateia formada por apoiadores, prefeitos da região e deputados federais.
Ao comentar o comportamento de Bolsonaro durante a pandemia de Covid-19 — período em que o ex-presidente chegou a imitar pacientes com falta de ar em transmissões ao vivo — Jerônimo expressou sua indignação de forma contundente.
“Tivemos um presidente que sorria daqueles que estavam na pandemia sentindo falta de ar. Ele vai pagar essa conta dele, e quem votou nele podia pagar também. Fazia no pacote. Bota uma ‘enchedeira’ — sabe o que é uma enchedeira? Uma retroescavadeira. Bota e leva tudo pra vala”, afirmou o governador.
A declaração teve forte repercussão e foi duramente criticada pelo ex-presidente Bolsonaro, que respondeu por meio das redes sociais. “Um discurso carregado de ódio, que em qualquer cenário civilizado deveria gerar repúdio imediato e ações institucionais firmes”, escreveu.
O deputado estadual Diego Castro (PL) também condenou a fala e afirmou ter protocolado uma denúncia no Supremo Tribunal Federal (STF) contra Jerônimo Rodrigues. Para o parlamentar, o pronunciamento extrapola os limites do debate político e representa ameaça à integridade de opositores.
Retratação
Nesta segunda-feira (5), durante visita às obras de reforma do Teatro Castro Alves, em Salvador, Jerônimo buscou esclarecer sua posição e amenizar a repercussão negativa. Segundo o governador, a fala foi retirada de contexto.
“Quem me conhece sabe que sou uma pessoa religiosa, de família, e que nunca trataria qualquer opositor dessa forma. A declaração foi descontextualizada. Estava expressando minha indignação com o modo como o país foi conduzido na pandemia”, explicou.
Em nota enviada pela assessoria de comunicação, o governador reforçou o pedido de desculpas: “Peço desculpas se os termos ‘vala’ e ‘trator’ soaram pejorativos. Não foi essa minha intenção. Não tenho problema em reconhecer, com humildade, quando há exagero nas palavras, mesmo que ditas em um momento de indignação.”