Reflexões sobre as mulheres trans e o adoecimento social 

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Mestranda Paula Valentine Soares de Freitas/Foto: pessoal

Quando se pensa em mulheres transexuais na atualidade, não se pode esquecer das violências gritantes que essas travestis sofreram historicamente e como tais violações fazem parte da formação dessas mulheres enquanto ser social e ser humano, até mesmo nos dias atuais. Durante muito tempo a narrativa sobre esses corpos partiu de uma perspectiva binária, cuja normativa desumaniza indivíduos que fogem do padrão preestabelecido pela cultura patriarcal, onde tal narrativa ainda se dá de forma distanciada, violenta, carregada de preconceitos e estereótipos, seja por falta de conhecimento na área ou, por simplesmente querer oprimir mulheres transexuais que não se encaixam com a identidade correspondente do seu sexo. Com o avanço do debate feminista no final do século passado, o surgimento de políticas públicas no começo do século XXI para diversos grupos minoritários e o debate acerca dos direitos humanos acelerado pela globalização, muitas mulheres trans também conseguiram seu espaço na sociedade e a possibilidade de uma vida digna, no entanto, elas tem de lidar com a transfobia que permanece brutalmente enraizada na sociedade como um todo. A transfobia vai além do medo ou aversão a corpos trans, ela se manifesta em forma de olhares, estereótipos, agressões físicas, insultos verbais ou até mesmo no não reconhecimento da identidade de transexuais. Essas violências adoecem não apenas o corpo físico, quando travestis se submetem aos procedimentos de (re)adequação corporal, como também a mente dessas mulheres, que tem sua humanidade negada, o que leva esses corpos à depressão, e em alguns casos o suicídio. O quantitativo de suicídio de transexuais é difícil de mapear porque na maioria das vezes não é publicado, no entanto, a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) mapeou apenas no primeiro semestre de 2020 um aumento de 34% em relação ao mesmo período de 2019, sendo 37% desses suicídios de homens transexuais enquanto 63% dessas mortes foram de mulheres trans e travestis. Assim, pode-se concluir que a transfobia incide de forma mais violenta e letal no gênero feminino pelo conjunto de fatores, como o machismo, a misoginia e claro, a transfobia ainda referendado pela sociedade patriarcal, o que carece da continuidade dos estudos e discussões.

Mestranda Paula Valentine Soares de Freitas(UNEB/MPIES/GEPERCS/CEPICR)
Profa. Dra. Sandra Célia Coelho Gomes da Silva (UNEB/MPIES/GEPERCS/CEPICR)

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