
Entre 2013 e 2024, o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) licenciou 39 empreendimentos em territórios quilombolas na Bahia, incluindo 10 voltados à geração de energia eólica. Parte desses projetos afeta diretamente comunidades tradicionais no Sudoeste e Oeste do estado, como Caetité, Gentio de Ouro, Palmas de Monte Alto e Bom Jesus da Lapa.
Na região, grandes empreendimentos chamam atenção pelo porte e potencial impacto, como o Complexo Eólico Assuruá 6, com 95 aerogeradores e 532 MW de capacidade instalada, além de outros projetos de grande escala em municípios vizinhos. Bom Jesus da Lapa também está entre os territórios atravessados pela Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), obra licenciada pelo Ibama em 2011 e atualmente com trechos paralisados — o mais recente deles em abril de 2025, após o rompimento de contrato entre a Bamin e a Prumo Engenharia.
Especialistas e lideranças quilombolas têm manifestado preocupação com a falta de consulta prévia e os riscos ambientais e sociais provocados por esses empreendimentos. A expansão da infraestrutura, embora vista por alguns como desenvolvimento, levanta debates sobre o respeito aos direitos das comunidades tradicionais e a necessidade de garantir medidas de proteção e compensação adequadas.
Bom Jesus da Lapa, com importantes comunidades quilombolas em seu território, segue no centro dessa discussão, diante da crescente pressão por grandes obras na região.