Ex-ministro José Dirceu participa de reunião em Bom Jesus da Lapa com lideranças do PT da região, e diz que “deram um golpe, mas não destruíram as estruturas políticas do país”

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Pela segunda vez em Bom Jesus da Lapa em menos de 15 dias, José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil no governo Lula e um dos principais formuladores políticos do Partido dos Trabalhadores (PT), fez uma reunião com lideranças petistas e apoiadores de Lapa e região durante a manhã desta terça-feira(24).

O ex-ministro chegou na segunda-feira à noite, hospedou-se na residencia do presidente do Partido dos Trabalhadores de Bom Jesus da Lapa, Marcos Haiala, se reuniu com militantes nesta manhã, depois seguiu para Santa Maria da Vitória e, em seguida, para Brasília (DF).

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Dirceu afirmou que estava emocionado, por estar pela Bahia, viajando pelo país depois de cinco anos, visitar a cidade de Bom Jesus da Lapa, e encontrar as lideranças, num lugar que “é de fé e esperança”.

O ex-ministro fez um discurso em tom político e motivador para as lideranças presentes. “Nós só somos o que somos por causa de cada um de vocês. Cada um aqui é uma história de luta, na vida, na família, com os filhos, pela educação, na luta pela terra, pelo rio São Francisco, pela reforma agrária, pela cultura, pela juventude, pelo nosso PT, por Lula e pelo Brasil. Pela nossos pais e avós, classe trabalhadora que construiu esse país tão rico, mas que não se desenvolve, com tanta pobreza ainda”, disse.

E prosseguiu: “A nossa luta não acabou ainda, eles não conseguiram. Nosso Brasil e o nosso povo não cabe no Brasil deles. No Brasil deles não tem oportunidade para o povo, é o Brasil dos ricos. Um Brasil que pode até crescer, mas vai crescer sempre para cima, não pra os de baixo, para os que produzem. A riqueza, a educação e a cultura não estão sendo distribuídas igual na era Lula”, afirmou o Dirceu.

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Representações dos diretórios do PT da região Oeste

Ele destacou que o PT é reconhecido hoje, graças ao trabalho realizado pelo partido para o Brasil, e criticou a atual conjuntura política do país. “A nossa força é do que nós fizemos pelo Brasil. Se Lula não tivesse feito o que ele fez pelo Brasil, ele estaria preso sozinho. Tem dezenas de milhões, 60, 50 milhões de brasileiros querendo votar nele, querendo que ele volte, pelo que nós construímos, nesses quase 40 anos”, pontou.

O petista lembrou que cada liderança foi responsável pelo partido chegar ao poder, militando nas bases, e que tá na memória do povo a era Lula. Cutucou o ex-presidente Fernando Cardoso que “o povo nem lembra”, e Temer, que segundo Zé Dirceu, é o presidente mais desaprovado e odiado pelo que está fazendo com o Brasil. “O povo tem um sentimento de desprezo por ele. E por mais propaganda que tenha, por mais poder que tenha, o poder policial, judicial, a serviço deles. Eles não conseguem apagar da memória do povo o Lula.

Dirceu chamou a atenção das representações petistas de Bom Jesus da Lapa, frisando que para mudar o atual contexto, a base do partido precisa de muito mais organização, informação e ir ao encontro do povo, como foi feito no passado. Lembrou que o PT surgiu na época da Ditadura Militar. “Nós surgimos porque estávamos lutando pelo povo, pela saúde, pela educação, pelo transporte, pelos direitos básicos, pela escola. Estamos lutando por mais democracia, por melhores salários, pela terra, defendendo o povo trabalhador contra as medidas da ditadura”, e relembrou: “aquela política econômica era bem parecida com essa. Arrocho econômico salarial, corte de recurso para a saúde e educação., desvalorização do aposentado, desvalorização do pequeno produtor, do pequeno comerciante, dos pequenos empresários, e todo o poder para as grandes empresas todo poder para as empresas estrangeiras, e o Brasil de cabeça baixa no mundo”, frisou.

“O Brasil antes tinha força comercial, e discutia as políticas nacionais e internacionais de igual para igual com os outros países. Defendia os interesses dos países menores da América do Sul, falava de igual para igual com os Estados Unidos, com Sarkozy na França. O Brasil chegou até a intermediar um acordo entre o Irã e os EUA. Lula liderava o bloco da América do Sul, e hoje não temos nenhuma credibilidade”, falou.

Sobre a eleição presidencial, Dirceu destacou que para ganhar as eleições em outubro os partidos de esquerda precisam se unir, porque essa eleição vai ser difícil, que vai ser decidida no segundo turno. E se Lula for inabilitado, ele vai ter que escolher junto com o partido outro nome, que ganha a eleição. “Essa eleição não vai ser pacífica, eles vão fazer de tudo para impedir uma vitória nossa. Mas de qualquer maneira, nós temos experiência, cada um aqui construiu e constrói  uma história, através de lutas, e sabemos que as coisas nunca foram fáceis para nós que lutamos por direitos. A luta do quilombola, a luta pela educação, por saúde de qualidade, pela reforma agrária, pela escola pública, pela universidade”, sabe disso”.

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Representações do PT de Bom Jesus da Lapa

José Dirceu falou que a impressa brasileira pressiona  para que o PT fale logo quem vai ser o nome que   disputará  presidência, com o intuito de atacar. No entanto, a decisão vai ser feita no momento certo. E destacou que a estrutura do país é complexa, com privilégios. Enquanto o pequeno é obrigado a pagar alto impostos, a classe rica não quer pagar, e nem distribuir renda. E que o Brasil de período em período sofreu “golpes”, os quais sempre   buscaram desorganizar o povo. Com políticas vinculadas a uma cultura que tenta dominar o povo, usando os principais meios de comunicação, em especial a rede Globo. “Eles deram um golpe, mais não destruíram as estruturas políticas que nós temos”, e usou a época da Ditadura Militar como exemplo: “No golpe de 64 eles fecharam 14 mil sindicatos no Brasil; expulsaram das Forças Armadas 7 mil oficiais, que eram democratas, socialistas, nacionalistas; prenderam milhares de sindicalistas; expulsaram das faculdades e das fábricas milhares de lideranças; censuraram jornais, o cinema, a música.  Nós temos muito mais força, com os movimentos sociais, com a juventude, com a intelectualidade.  Então a força não é tão desigual”, disse.

Ele finalizou narrando que uma das desvantagens no atual contexto, é o uso da força policial, que busca a todo custo criminalizar a luta social, e usar a mídia para manipular a população. E que todos os movimentos sindicais precisam se unir em defesa da cultura, da educação, especialmente nos bairros das cidades, educando as crianças a aprenderem a ler, e saberem manusear as novas formas de tecnologias, as quais possibilitam acesso as informações e a troca de conhecimento.

Em liberdade provisória desde junho deste ano,  ele comentou que não há provas que justifiquem a sua prisão e classificou a medida como perseguição. Por 3 votos a 1, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu liberdade provisória ao ex-ministro José Dirceu (PT). Segundo a defesa, nada justifica a manutenção de uma prisão de um homem de 72 anos de idade, preso 2 anos preventivamente sem que nenhum outro fato  tenha surgido.

2 COMENTÁRIOS

  1. Parabéns pela matéria, uma bela matéria do site, uma das melhores que li, já que li outras referente ao assunto e fizeram sensacionalismo.

  2. A que ponto chegamos?
    Ladrões condenados fazendo discurso para ‘liderancas politicas’. Que vergonha!!
    Esse caras ainda se acham representantes do povo.

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