Após mais de 6 horas, bombeiros controlam incêndio no Museu Nacional

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Os bombeiros controlaram por volta das 2h da madrugada desta segunda-feira (3) o incêndio de grande proporção que atingiu o Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, zona norte do Rio. As equipes permanecem no local fazendo o trabalho de rescaldo para debelar pequenos focos de fogo.

Cerca de 80 homens de 12 quartéis do Corpo de Bombeiros foram enviados ao local para combater o incêndio que começou por volta das 19h30 deste domingo (2). Parte do interior do edifício desabou.

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O fogo começou depois que o local já havia encerrado a visitação —tanto do museu quanto do zoológico, que também fica na Quinta da Boa Vista. Não há informações sobre vítimas.

Segundo o comandante-geral dos bombeiros do Rio, Roberto Robadey, o combate ao fogo foi prejudicado por falta de água nos hidrantes próximos ao edifício. Os bombeiros tiveram que apelar a caminhões-pipa e até para a água do lago próximo.

ACERVO HISTÓRICO
Mais antigo do país, o Museu Nacional é subordinado à UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e vem passando por dificuldades geradas pelo corte no orçamento para a sua manutenção.

Desde 2014, a instituição não vinha recebendo a verba de R$ 520 mil anuais que bancam sua manutenção e apresentava sinais visíveis de má conservação, como pareces descascadas e fios elétricos expostos.

A instituição está instalada em um palacete imperial e completou 200 anos em junho —foi fundada por dom João 6º em 1818.

Seu acervo, com mais de 20 milhões de itens, tem perfil acadêmico e científico, com coleções focadas em paleontologia, antropologia e etnologia biológica. Menos de 1%, porém, estava exposto.

O museu guardava o meteorito do Bendegó, o maior já encontrado no país, e uma coleção de múmias egípcias. Também o crânio de Luzia, a mulher mais antiga das Américas. Além de coleções de vasos gregos e etruscos (povo que viveu na Etrúria, na península Itálica).

Em maio, o diretor do Museu Nacional Alexander Kellner, 56, criticou a falta de verbas. “O maior acervo é este prédio, um palácio de 200 anos em que morou dom João 6º, dom Pedro 1º, onde foi assinada a Independência. A princesa Isabel brincava aqui, no jardim das princesas, que não está aberto ao público porque não tenho condições”, disse à Folha.

Um terço das salas de exposições estavam fechadas, incluindo algumas das mais populares, como a que guarda um esqueleto de baleia jubarte e a do Maxakalisaurus topai —o dinoprata, primeiro dinossauro de grande porte já montado no Brasil.

Para reabrir a sala, interditada havia cinco meses após um ataque de cupins, o museu armou uma campanha de financiamento coletivo na internet —arrecadou R$ 58 mil, mais do que a meta de R$ 30 mil.

Mas a decadência física do prédio já era visível para os visitantes, que pagavam R$ 8 pelo ingresso inteiro. Muitas de suas paredes estavam descascadas, havia fios elétricos expostos e má conservação generalizada.

No bicentenário, a instituição celebrou com o BNDES um contrato de R$ 21,7 milhões para investir em sua restauração. Havia outra negociação milionária encaminhada para bancar uma grande exposição —a expectativa era de que cinco das principais salas fossem reabertas até 2019.

Alexandre Kellner dizia ser necessários R$ 300 milhões, investidos ao longo de pelo menos uma década, para executar o Plano Diretor do museu.

O diretor lembrou também que o último presidente a visitar o museu foi Juscelino Kubitschek (1956-1961). “O Brasil não sabe da grandeza, da riqueza disso aqui. Se soubesse, não deixaria chegar neste estado”, disse Kellner, em maio.