
O deputado federal José Rocha (União Brasil-BA) é alvo de acusações de ter concentrado de forma indevida R$ 152 milhões do chamado orçamento secreto quando presidia a Comissão de Integração Nacional da Câmara dos Deputados. Do total, R$ 88 milhões teriam sido direcionados para a Bahia, sua base eleitoral, contrariando um acordo firmado entre líderes partidários para a distribuição equilibrada dos recursos entre parlamentares de diferentes partidos.
As informações foram reveladas pela jornalista Andreza Matais, do portal Metrópoles. Segundo a apuração, os valores deveriam ser repartidos entre os integrantes da comissão, mas Rocha teria encaminhado ao governo federal uma lista concentrando a maior parte das verbas sob seu controle. Apenas 34 municípios fora da Bahia foram contemplados.
O caso ganhou ainda mais repercussão porque o próprio José Rocha é o principal denunciante da investigação que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o uso do orçamento secreto. Em depoimento à Polícia Federal, o deputado acusou o então presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de utilizar o mecanismo para beneficiar o estado de Alagoas. Ele também apontou sua ex-assessora, Mariângela Fialek, conhecida como Tuca, como responsável por operar a distribuição das verbas a mando de Lira.
De acordo com a colunista, foi a própria Mariângela Fialek quem identificou a concentração atípica dos recursos nas planilhas internas e alertou a cúpula da Câmara. À época, ela era subordinada diretamente a Arthur Lira, que teria pressionado José Rocha a pedir ao governo federal que desconsiderasse o documento enviado.
Mesmo após a intervenção, o deputado baiano ainda teria conseguido a liberação de R$ 53 milhões em recursos, valor significativamente superior ao recebido por outros parlamentares no mesmo período. Em 2024, colegas da comissão teriam sido contemplados, em média, com cerca de R$ 11 milhões.
Em entrevista à coluna Andreza Matais, José Rocha admitiu ter recebido verbas do orçamento secreto, mas afirmou que a prática era comum entre todos os parlamentares. O deputado também rejeitou ser chamado de delator no processo relatado pelo ministro Flávio Dino, classificando a acusação como “maldade”.
Questionado sobre sua relação com Arthur Lira no episódio, Rocha disse que o ex-presidente da Câmara afirmou existir um acordo entre líderes partidários para a destinação das verbas e que ele estaria “criando problemas” ao não encaminhar a lista com os nomes dos deputados beneficiados. O parlamentar, no entanto, disse não saber para quem estaria causando problemas e negou que tenha mencionado líderes partidários como prejudicados.
O episódio reacende o debate sobre a falta de transparência e os critérios de distribuição do orçamento secreto, mecanismo que já foi declarado inconstitucional pelo STF, mas cujos desdobramentos continuam sendo investigados.
























