Após derrota em votação, governo federal inicia “pente-fino” e exonera indicados do Centrão na Bahia

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Foto: Estadão

Segundo apuração do Bahia Notícias, parceiro do Notícias da Lapa, o governo federal iniciou uma série de exonerações estratégicas após a derrota sofrida na votação da Medida Provisória 1303/2025, que previa a taxação de apostas e investimentos financeiros. Como forma de retaliação, cargos ocupados por indicados de deputados do Centrão — especialmente aqueles que votaram contra a MP — estão sendo cortados.

Entre os primeiros atingidos pelas exonerações estão nomes ligados à bancada baiana, como o engenheiro eletricista Harley Xavier Nascimento, exonerado da superintendência regional da Codevasf em Bom Jesus da Lapa. Harley estava há nove anos no cargo, passando pelos governos Temer, Bolsonaro e Lula, e havia sido indicado pelo deputado Arthur Maia (União Brasil), que votou contra a medida.

A lista de exonerações já atinge:

  • 4 superintendências do Ministério da Agricultura

  • 1 diretoria do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes)

  • 3 regionais da Codevasf

  • 1 superintendência do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional)

  • 1 vice-presidência da Caixa Econômica Federal (CEF)

Esses cortes foram apenas os primeiros. A expectativa, segundo o líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), é que mais exonerações ocorram nos próximos dias. Ele afirmou em entrevista recente que a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, foi autorizada pelo presidente Lula a realizar um verdadeiro “pente-fino” nas nomeações vinculadas a deputados que não seguem a base aliada.

“A Gleisi vai meter a faca. O Lula disse: ‘Gleisi, você agilize, viu, e mexa no vespeiro aí da Caixa Econômica para começar’. E, evidentemente, eles estão apavorados”, declarou Guimarães.

Outro caso simbólico foi a exoneração de Lena Carolina Brandão, superintendente do Iphan no Maranhão e irmã do deputado Pedro Lucas (União Brasil-MA), líder do partido na Câmara.

A movimentação ocorre após o governo identificar que líderes do PP e PSD, como Ciro Nogueira (PI) e Gilberto Kassab, articularam contra a MP 1303, que acabou sendo retirada de pauta e arquivada por falta de tempo hábil para votação. Essa medida era considerada crucial para o equilíbrio fiscal da União em 2025 e 2026.

Na Bahia, 12 deputados federais votaram contra o governo e agora correm o risco de ver seus indicados exonerados. São eles:

  • Arthur Maia (União Brasil)

  • Elmar Nascimento (União Brasil)

  • Adolfo Viana (PSDB)

  • Alex Santana (Republicanos)

  • Capitão Alden (PL)

  • Claudio Cajado (PP)

  • Dal Barreto (União Brasil)

  • José Rocha (União Brasil)

  • Leur Lomanto Jr. (União Brasil)

  • Márcio Marinho (Republicanos)

  • Paulo Azi (União Brasil)

  • Rogéria Santos (Republicanos)

A Codevasf, empresa pública com orçamento superior a R$ 2 bilhões, está entre os principais focos do governo. O atual presidente da estatal, Lucas Felipe de Oliveira, também é indicação do deputado Elmar Nascimento, um dos líderes da dissidência baiana. O diretor José Vivaldo de Mendonça Filho, ligado ao deputado Paulo Azi, é outro nome que pode ser atingido em breve.

Um levantamento divulgado pelo Uol, citado pelo Bahia Notícias, mostra que antes da ofensiva do governo havia cerca de 380 filiados a partidos do Centrão ocupando cargos comissionados no Executivo. A maior parte deles está concentrada nos ministérios ocupados por partidos como União Brasil, MDB, PSD, PP e Republicanos. Veja os dados:

Cargos comissionados por partido:

  • União Brasil: 119

  • MDB: 112

  • PSD: 63

  • PP: 48

  • Republicanos: 36

Esses cargos estão espalhados por ministérios como Agricultura, Saúde, Integração Nacional, Gestão e Inovação, Transportes, Esportes e até Presidência da República. Vale lembrar que o levantamento contabilizou apenas cargos ocupados por filiados oficialmente registrados, o que significa que o número real de indicações políticas pode ser ainda maior.

A ação do governo Lula representa uma clara mudança de postura diante da resistência do Centrão. Se antes havia negociação, agora o recado é direto: quem não vota com o governo, perde espaço no poder.

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