Embaixada da Alemanha explica o nazismo e é contestada por brasileiros

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Hitler

Um vídeo publicado pela Embaixada da Alemanha no Brasil contra o extremismo de direita provocou forte reação nas redes sociais. Na publicação, a embaixada fala sobre a importância de não esquecer os traumas deixados pelo nazismo entre 1933 e 1945, quando o Holocausto levou à morte de cerca de 6 milhões de judeus e de 5 milhões de pessoas de outros grupos. Alguns brasileiros, no entanto, contradisseram a História alemã, negando que tenha existido o Holocausto ou dizendo que o Terceiro Reich era um regime de esquerda, e não de extrema-direita.

Um trecho do vídeo diz que “quem protesta contra os nazistas não é de esquerda, mas normal”, mostrando cartazes levantados por manifestantes que, neste ano, saíram às ruas contra movimentos de ultradireita em Chemnitz, na Alemanha. Em agosto, a cidade registrou ataques xenófobos e manifestações de extremistas com gestos nazistas depois que um cidadão foi assassinado, supostamente por dois imigrantes.

“Quando a saudação de Hitler hoje volta a ser mostrada em nossas ruas, isso é uma vergonha para o nosso país”, diz uma declaração do ministro das Relações Externas da Alemanha, Heiko Maas, exibida no vídeo. “Devemos nos opor aos extremistas de direita, não devemos ignorar, temos que mostrar nossa cara contra neonazistas e antissemitas. Então temos que nos levantar do sofá e abrir nossas bocas. Os anos de estado vegetativo discursivo devem chegar ao fim.”

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Na Alemanha é crime negar o Holocausto, exibir símbolos nazistas e fazer a saudação nazista ao ditador Adolf Hitler (“Heil Hitler”). A equipe de mídias sociais da embaixada explicou ao GLOBO que criou o vídeo com o objetivo de mostrar que os alemães não têm vergonha de falar sobre o passado nazista, principalmente para evitar que algo semelhante se repita. Mesmo assim, movimentos neonazistas permanecem no país.

“Os alemães não escondem o seu passado. Pelo contrário, desde cedo são ensinados a confrontar os horrores do Holocausto. O pensamento é: ‘Conhecer e preservar a história para não repeti-la’”, diz o vídeo da embaixada. “Em muitas cidades, é possível encontrar placas douradas no chão em frente a casas onde viviam famílias de judeus. Memoriais e museus que abordam o assunto estão espalhados pelo país”.

No entanto, alguns brasileiros contestaram as informações sobre o nazismo. A publicação da embaixada, que não era relacionada ao Brasil, acabou se tornando uma discussão política polarizada, tomando a equipe de surpresa. O vídeo ultrapassou 755 mil visualizações desde que foi publicado, no dia 5 deste mês.

“‘Extremistas de Direita’? O Partido de Hitler se chamava Partido dos Trabalhadores Socialistas. Onde tem Extrema Direita?”, afirma trecho do comentário de um internauta.

A embaixada respondeu este usuário do Facebook, pedindo que ele usasse uma “linguagem respeitosa”: “Estamos felizes que o nosso vídeo gerou uma importante discussão, mas pedimos para evitar insultos e para usar uma linguagem respeitosa, por favor”, disse a página.

Outra pessoa afirmou na publicação do vídeo que o Holocausto é uma “farsa”: “Ensinam história? Como em 1976, que tiveram de criar uma lei para proibir qualquer um de contestar a vericidade do Holocausto? Já que os especialistas na época estavam desmascarando essa farsa (…). Sendo que grande parte dos jovens lá nem sabem quem é Hitler, uma parte sabe que ele foi mais benéfico do que maléfico pra Alemanha e uma minoria acha que foi um ditador monstro“.

Mais uma vez, a Embaixada da Alemanha se manifestou para frisar a veracidade de fatos históricos: “O Holocausto é um fato histórico, com provas e testemunhas que podem ser encontradas em muitos lugares da Europa”, respondeu a página na rede social.

Diante dos comentários que contestam a História alemã, houve internautas que pediram desculpas ao governo alemão pelos comentários de seus compatriotas.

“Embaixada da Alemanha, peço desculpa em nome dos professores e futuros professores de História deste pais”, diz um usuário do Facebook. Outra pessoa disse ainda: “A quantidade de negacionistas do Holocausto só nessa postagem é nosso atestado de falência educacional”.

 O Globo