Vacina contra Covid-19 chega para comunidades quilombolas da região de Bom Jesus da Lapa

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Fonte: Brasil 61

Vacinação comunidade quilombola de Lagoa das Piranhas, em Bom Jesus da Lapa/Foto: arquivo Notícias da Lapa

A vacinação contra a Covid-19 chegou para os povos tradicionais quilombolas da região de Bom Jesus da Lapa (BA). A região é formada pelos municípios de Bom Jesus da Lapa, Paratinga, Carinhanha, Serra do Ramalho e Sítio do Mato, que juntos concentram mais de 10 mil pessoas autodeclaradas descendentes e remanescentes de escravizados, segundo o Instituto de Geografia e Estatísticas (IBGE). Desse número, 5,9 mil, acima de 18 anos, já foram vacinadas com a primeira dose da vacina contra a covid-19, o que representa 54,5% da população.

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Em Paratinga, por exemplo, o IBGE estima que tem uma população quilombola de 2.058 pessoas. Até o fechamento desta reportagem, 1.924 pessoas desse grupo prioritário tomaram a primeira dose da vacina, o que representa aproximadamente 93,4% do público alvo. 375 receberam a dose de reforço do imunizante.

A coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Francieli Fantinato, explica a importância da vacina nos grupos prioritários. “As comunidades quilombolas são populações que vivem em situação de vulnerabilidade social. Elas têm um modo de vida coletivo, os territórios habitacionais podem ser de difícil acesso e muitas vezes existe a necessidade de percorrer longas distâncias para acessar os cuidados de saúde. Com isso, essa população se torna mais vulnerável à doença, podendo evoluir para complicações e óbito.”

No município de Bom Jesus da Lapa, a 800 quilômetros da capital baiana, Salvador, mais de 2,8 mil membros das 23 comunidades remanescentes de quilombos foram vacinados com a primeira dose, segundo o Ministério da Saúde, o que representa cerca de 45% do número de quilombolas, segundo o IBGE (6.271). Desde o início da pandemia, até dia 23 de junho, foram registrados 5,3 mil casos de infecção pelo vírus no município, com 69 óbitos.

Eudes Nogueira é secretário de Saúde de Bom Jesus da Lapa e afirma estar satisfeito com a mobilização deste público em prol da vacina. “Estamos com um bom resultado em relação à vacinação. Fizemos uma programação com os agentes de saúde e os encaminhamos para o quilombo, por conta da vulnerabilidade social.

Os quilombolas que não foram vacinados vamos marcar na sede do município ou in loco.”
Iane Ferreira da Silva, 30 anos, está entre os 3 mil membros da comunidade Rio das Rãs, localizada na zona rural de Bom Jesus da Lapa. Em meio a todos os desafios enfrentados pela população quilombola por conta da pandemia, a assistente social que já se vacinou, destaca a dificuldade para encontrar um trabalho sem se expor ao risco de ser contaminada pelo vírus.  Uma realidade que pode ser contornada com a vacinação: “Todos nós temos que aderir a vacina. Assim poderemos sair para trabalhar. Já temos vários casos da Covid-19 por conta de pessoas que saíram do território para trabalhar. Vamos fazer tudo certinho para que possamos voltar a vida normal aqui no quilombo e poder compartilhar tudo.”

Prioridade Quilombolas

No Plano Nacional de Vacinação contra a Covid-19, divulgado em 16 de dezembro de 2020, grupos socialmente vulneráveis foram incluídos como prioridade no calendário de imunização. Entre eles, a população quilombola que vive em comunidades tradicionais e que, segundo o último levantamento realizado pelo IBGE, em 2019, representa mais de 1,3 milhão de brasileiros. Essa prioridade se faz necessária diante da falta de acesso desse público à saúde, já que grande parte vive em zonas rurais, afastadas do ambiente urbano. A Bahia é o maior estado brasileiro em população quilombola, com mais de 268 mil habitantes, de acordo com levantamento do IBGE de 2019.

Para facilitar o enfrentamento da Covid-19 entre quilombolas e indígenas, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) antecipou a divulgação da base de informações geográficas e estatísticas sobre essa população em maio de 2020. O levantamento foi realizado em 2019.

Proteja-se

Se você sentir febre, cansaço, dor de cabeça ou perda de olfato e paladar procure atendimento médico. A recomendação do Ministério da Saúde é que a procura por ajuda médica deve ser feita imediatamente ao apresentar os sintomas, mesmo que de forma leve. Após a vacinação, continue seguindo os protocolos de segurança: use máscara de pano, lave as mãos com frequência com água e sabão ou álcool 70%; mantenha os ambientes limpos e ventiladores e evite aglomerações.