Patrimônio de Bom Jesus da Lapa: Filarmônica Euterpe Lapense completa 100 anos de história

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O Artigo 216 da Constituição Federal define patrimônio cultural como sendo os bens “de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira.”

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Foto: Reprodução

Como bem cultural da cidade de Bom Jesus da Lapa, a Filarmônica Euterpe Lapense segue guardando e transmitindo a memória musical viva da cidade. Neste sábado,  08 de dezembro, a Instituição completou 100 de existência, na mesma data da festa de Nossa Senhora da Conceição.

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Foto: Reprodução TV Bom Jesus

Participando da homenagem, o Professor Geraldo Bastos, falou um pouco da história da banda, destacando que existem várias versões sobre a criação da Filarmônica Euterpe Lapense. No entanto, por meio do pesquisador Aderbal Bastos, a entidade deu os seus primeiros passos em 1915, por meio das Festas do Divino do município, ainda  na época do imperador Abílio de Magalhães. Que com a ajuda do Padre Nogueira, sempre precisavam solicitar componentes da Filarmônica de Paratinga  para tocar nos períodos dos festejos da cidade. Mas depois de um tempo, sentiram a necessidade de criar uma filarmônica do próprio município de Bom Jesus da Lapa. A qual ficaria responsável pelas animações dos festejos, que se multiplicavam. “A Festa do Divino, a Festa do Senhor Bom Jesus, com a influência cada vez maior, e a festa de Nossa Senhora da Conceição, então considerada a maior festa religiosa local, com o apoio total da população católica, do próprio Coronel Abílio Ribeiro de Magalhães, que tomou o encargo, de providenciar o músico  regente e pessoas interessadas na aprendizagem musical”, disse.

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Foto: Reprodução TV Bom Jesus

O professor lembrou, que a proposta de criar um grupo musical na época, fez com que um músico de Paratinga viesse para  Bom Jesus da Lapa, onde começou  a dar aulas de música debaixo de uma arvore, em frente de um casarão, onde morava o coronel, local que hoje é  atual  Avenida Duque de Caxias. “Surgiu dessa forma, um continente capaz de abrilhantar os festejos lapenses. O próprio filho do Coronel Abílio, com o mesmo nome do pai, Abilinho, fez parte dessa pequena banda da Vila do Senhor Bom Jesus, denominada, Orquestra Bom Jesus”, recordou.

“Posteriormente, já em 1918, outro músico, desta feita, vindo de Santa Maria da Vitória por conta própria, veio aperfeiçoar os rudimentos musicais aos músicos já existentes em Lapa, quando foi fundada e registrada  a Filarmônica de Bom Jesus da Lapa, a nossa Filarmônica Euterpe Lapense”, afirmou o professor Geraldo Bastos.

Ele destacou que Mestre Agripino, auxiliado por diversos músicos, conduziram  a Euterpe Lapense “a plenitude das suas execuções, ao desfilar pelas ruas  sobre os ritmos das  marchas e dobrados”, frisou.

O professor relembrou, que por falta de apoio do poder municipal da época, a Filarmônica quase acabou. Levando um um grupo de idealistas, defensores da cultura lapense, “da boa música”,  levantar a bandeira da banda, realizando uma sessão no pavilhão da Codevasf, no dia 05 de maio de 1985, onde escolheram a nova diretoria e criando um novo estatuto.”

Relembrando a história, ele lamentou, que mesmo acontecendo alguns avanços com a nova diretoria, mais uma vez, por negligência das autoridades do município, com a falta de incentivos, a  Filarmônica Euterpe Lapense “entrou em declínio”. Fazendo com que um pequeno grupo de músicos fizessem um abaixo-assinado para o então prefeito, Hildebrando Magalhães, exigindo apoio e manutenção da banda. Por entenderem que seria um fracasso total perder uma entidade tão importante para a cultura do município. Diante da cobrança, o  gestor cedeu um local provisório para os ensaios, comprou novos instrumentos, e escolheu uma nova direção para o grupo.

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Foto: Reprodução TV Bom Jesus

Já Geisiane Rocha, professora de música e futura musicoterapeuta, que teve a oportunidade de estudar  10 anos na Filarmônica Euterpe Lapense, sendo uma das primeiras alunas, usou o microfone também, para agradecer e parabenizar a Filarmônica de Bom Jesus da Lapa pelos 100 anos de história, e por ter a capacidade de transformar vidas.  “Ela Transformou a minha”, disse.

Geisiane lembrou, que entrou na Filarmônica quando tinha apenas 11 anos, sendo uma das primeiras alunas. E que hoje, pode dizer, feliz, que vive do trabalho proporcionado pela música. “Entrei na UFBA com 17 anos, tocando clarineta,  e fui contra a maré do mundo, contra aqueles que discriminam a música, e discriminam a Filarmônica. Emocionada ela agradeceu, e tocou a música Nossa Senhora, a primeira que ela aprendeu quando era aluna: “obrigado Filarmônica por tudo que fez pela minha vida”

A Filarmônica Euterpe Lapense surgiu em Bom Jesus da Lapa  no ano de  1918, passando a representar ao longo dos anos um dos  seus  maiores bens  culturais do município. Que  nasceu num terreno  fértil de  coros  sacros  e  formações  musicais,  sob as  bençãos do  Bom  Jesus,  apadrinhada por pessoas da  sociedade, amantes da boa música, homens  de  bem  que se  revezaram  ao longo  de  um  século,  como  pilares. Nos  diversos contextos em que  esteve inserida, viu o país  passar  pela república, pela  ditadura  e   a  seguir rumo  a  democracia,  atravessando  a  história.

Hoje, 100 anos  depois  é  símbolo  de  resistência,  sobrevivendo na  região  ribeirinha do  Velho  Chico,  a  dilapidação  do  Patrimônio histórico  cultural.

Dividindo  espaço  com a diversidade cultural  existente, foi  construindo  um  patrimônio expressivo, revelado nos  instrumentos, partituras e  composições. Das  missas,  novenas, procissões,  folias de  reis, Festas  do Divino à  eventos culturais, mantendo as suas raízes, tem  sido presença  constante nas manifestações tradicionais da  Capital Baiana da Fé.

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