Ao custo de R$ 600 cada, empresários e políticos mineiros são vacinados às escondidas contra a Covid-19

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por O Tempo

Ex-senador Clésio Andrade Foto: Pedro França/Agência Senado/ Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Empresários e políticos – grande parte deles ligados ao setor de transporte de Minas Gerais – tomaram nessa terça-feira (23), em Belo Horizonte, a primeira dose da vacina da Pfizer contra a Covid-19. Familiares dos envolvidos também foram imunizados. De acordo com reportagem da revista Piauí, publicada nesta quarta-feira, o grupo comprou o imunizante por conta própria, sem repassá-lo ao Sistema Único de Saúde (SUS). Ainda segundo a matéria, a aplicação da segunda dose nas cerca de 50 pessoas está prevista para acontecer daqui a 30 dias. O custo da operação teria sido de R$ 600 por pessoa.

Os organizadores da compra teriam sido os irmãos Rômulo e Robson Lessa, donos da viação Saritur. Uma garagem de uma empresa teria, inclusive, sido transformada em “posto de vacinação”. A Piauí entrou em contato com os dois empresários, mas até a publicação da reportagem não havia obtido retorno.

Um dos imunizados foi o ex-senador Clésio Andrade, de 69 anos, ex-presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT). À Piauí ele disse que foi convidado para se vacinar e que não pagou pela dose.

Há quase três semanas, o Congresso aprovou uma lei que autoriza a compra de vacinas pela iniciativa privada, mas as doses terão que ser doadas ao SUS até que os grupos de risco sejam imunizados. Mesmo depois da imunização dos grupos prioritários, as vacinas compradas pela iniciativa privada devem ser divididas meio a meio com o SUS, numa operação fiscalizada pelo Ministério da Saúde.

O projeto é de autoria do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), cuja família é do ramo dos transportes. Procurado pela reportagem, ele disse desconhecer o assunto.

Outro político vacinado, segundo a reportagem, é o deputado estadual Alencar da Silveira Júnior (PDT). Ele, porém, negou à Piauí que tenha participado da imunização paralela.

De acordo com relatos obtidos pela Piauí, o grupo foi vacinado por uma enfermeira que acabou se atrasando porque estava imunizando outro grupo na Belgo Mineira, mineradora hoje pertencente à ArcellorMittal Aços.

A Pfizer também foi procurada pela reportagem, mas ainda não se manifestou.