Falta de estrutura dos acervos coloca em risco a história da Bahia

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Como será que a Bahia guarda documentos tão importantes para a nossa história como os que contam sobre o período colonial? Infelizmente, a conservação deixa a desejar.

Na semana em que o país lamentou a perda irreparável do acervo do Museu Nacional, consumido por um incêndio, o Jornal da Metrópole procurou saber como anda a conservação da nossa história e, já na primeira visita ao Arquivo Público do Estado da Bahia, as notícias não foram boas. O prédio construído no Século XVI e transformado em arquivo público em 1890, abriga o segundo maior arquivo colonial do mundo, mas tem sofrido com a falta de investimentos públicos.

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“Existem paredes escoradas. A umidade é brutal e muitos volumes já estão petrificados ou esfarelados”, alertou Dóris Abreu, ativista que busca pela recuperação do espaço. E o problema não se limita ao espaço administrado pela Fundação Pedro Calmon. No Arquivo Municipal, a situação é semelhante.

Calor e falta de infraestrutura podem comprometer acervo histórico 
Os indícios de abandono ficam evidentes na entrada do Acervo do Estado. A placa que nomeia o prédio está apagada e há um enorme buraco na calçada que recepciona os visitantes. “Se acontecer algo como o incêndio do Museu Nacional, não vai faltar representante para lamentar”, criticou uma pesquisadora que preferiu não se identificar.
Sem  ar condicionado, as salas mantém janelas abertas, o que segundo o mestre em história Rodrigo Lopes, prejudica a conservação dos documentos. “Se não tem algo para retirar a umidade, a tendência é que a documentação se compacte e esfarele com o tempo”, explicou.

História de Salvador pode estar por um fio 
Para o historiador Rodrigo Lopes, a situação é pior no Acervo Municipal, que abriga documentos da Câmara, além de fotografias sobre a cidade. “Tudo está ali. É preciso incentivar a digitalização dos documentos, se um dia a gente não quiser perder aquilo. É preciso que seja disponibilizado em meio digital. No Arquivo Municipal não temos quase nada digitalizado. No Arquivo do Estado a gente já tem uma parte, muito pequena, mas tem”, disse.

Mudanças em 2019?
Secretário municipal de Cultura e Turismo, Cláudio Tinoco, admitiu, em entrevista a Lara Kertész no Metrópole Turismo, que o Arquivo Histórico de Salvador está maltratado e prometeu soluções até o ano que vem.
“O maltrato vem de 20 anos […] O prefeito decidiu alocar no Prodetur [Programas Regionais de Desenvolvimento do Turismo] e captar recursos para a implantação do Museu da História de Salvador e novo Arquivo Histórico Municipal”, afirmou o titular da pasta.

R$ 2,6 milhões em obras
Responsável pela gestão do Arquivo da Bahia, a Fundação Pedro Calmon afirmou que desde 2014 já investiu mais de R$ 2 milhões em obras de revitalização. “Compreendeu o forro e o assoalho do imóvel. A sede do Arquivo ganhou novo telhado em toda a extensão do seu pavimento superior, onde funcionam a Biblioteca, a Sala de Consulta e o Auditório, o que garante melhor preservação dos documentos e estrutura para a realização de ações de formação, como seminários e palestras”, disse. Metro1