Em Barra, comunidade Quilombola de Pedra Negra da Extrema, pais  lutam contra fechamento de escola

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Reunião da Comunidade Pedra Negra da Extrema.

Na comunidade quilombola de Pedra Negra da Extrema, situada na zona rural do município de Barra, pais e alunos enfrentam um drama com a possibilidade do fechamento da escola da localidade, que funciona com multisseriado, e transferir as crianças para o Distrito de Igarité, a 15 quilômetros da comunidade.

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Dona Erenice, mãe de duas crianças explica que não quer que seus filhos, um de 7 e outro de 4 anos deixem de estudar no lugar onde nasceram, e sejam transferidos para outra escola que não oferece os cuidados adequados.

Os moradores afirmam que a comunidade já teve uma experiência do fachamento da escola, e não foi positivo para as crianças e nem para os pais, durante três anos.  “Essa escola ficou três anos fechada, fazendo com que nossas crianças sofressem em Igarité. Os alunos a partir de quatro anos pegavam o ônibus escolar, sem cinto de segurança, sem monitora, passavam fome com a falta da merenda e sem porteiro, um descaso só!”, e relembra:  “há três anos com muita luta, conseguimos reabrir a nossa escola, não foi nada fácil! Tivemos que denunciar ao Ministério Público e lutar por isso”, relembram.

“Estávamos muito felizes com a reabertura. Bastante alunos do 1º ao 5º ano, com professora e a merendeira da própria comunidade – o  colégio está em boas condições, e agora para nossa tristeza e preocupação, vem uma notícia da secretaria de educação que perderemos a escola do nosso Quilombo”, lamentam.

Uma das moradoras mais antigas da comunidade, Dona Ana, de 75 anos, se recusa a mandar seus netos para Igarité.

Os pais destacam, que a falta de assistência da secretaria municipal de educação de Barra com a escola da localidade, deixa faltar merenda durante meses, e se as crianças não morassem perto de casa, ficariam com fome.  “Há mais de um mês os alunos comem em casa e voltam pra escola, o contrário de Igarité, que os alunos têm quem esperar com fome e sede, pois muitas vezes falta água e merenda até às 12h30, que é o horário de retorno para  comunidade Pedra Negra”, frisam.

“Não tem condições dos alunos, principalmente os de 4 anos de idade seguir para Igarité. É uma falta de respeito com nós, quilombolas. Como pode essas crianças pegarem ônibus para estudar em um lugar sem segurança, longe de casa, se tem escola na comunidade?”, questionam.

Lídia afirma que  já teve a experiência de ter uma filha pequena pegando estrada todo dia para ir estudar em outra localidade. E que tanto ela e toda família sofreram com a situação.

Os moradores finalizam pedindo o apoio das autoridades, para que as crianças não deixem de estudar na escola de  Pedra Negra da Extrema. Porque do contrário, além de terem que sair de longe de suas casas, ainda não terão a devida assistência. E que mesmo as aulas já tendo sido marcadas para começar nesta terça-feira, 12 de fevereiro, nem a Secretaria Municipal de Educação do Município e nem o diretor da nova escola se preocuparam ainda em reunir com os moradores. “Nós, os pais, não iremos mandar nossos filhos. A comunidade protesta! Queremos nossos filhos estudando aqui, perto de casa, sem passar fome e sede, sem correr perigo na pista e nas ruas de Igarité”.

O outro lado

De acordo a Secretaria Municipal da Educação de Barra, que conversou com a redação do site Notícias da Lapa, na tarde desta quarta-feira(13), a escola da Pedra Negra da Extrema já tem três anos que foi desativada, e que a mesma é uma anexo da Escola Municipal Igarité, e que a mudança vai acontecer porque as turmas são multisseriadas e os alunos não tem um bom aprendizado.

Destaca, que a proposta do Governo Federal é nuclear as pequenas escolas maiores, para terminar as turmas multisseriadas. E que no anexo da Pedra Negra da Extrema tem apenas 17 alunos, misturados em várias séries, e que a mudança busca melhorar o ensino. A estrada que será feita o transporte da turma é boa, uma parte é areia e a outra é asfalto.

A secretaria de educação afirmou, que diante da resistência da comunidade para a mudança, tomou uma outra decisão: vai deixar as turmas multisseriadas na Pedra Negra da Extrema, porque é um pedido da comunidade. “Vamos deixar, só que isso não é o correto”, e destaca: A escola de Igarité também é quilombola, e a gente queria colocar um monitor no ônibus para levar esses alunos. A professora teria que também ir para a escola lá, e a professora que trabalha em Pedra Negra, iria também para Igarité trabalhar com os professores de lá. Porque lá temos uma estrutura melhor”, finalizou.

A comunidade de Pedra Negra da Extrema fica localizada no extremo sul do município de Barra, e o Rio São Francisco é a principal fonte de sustento dos moradores. Que depois de muita luta, conseguiu ser reconhecida como território quilombola pela Fundação Palmares, no dia 17 de agosto de 2017(relembre aqui). No entanto, ainda não conseguiram o  direito da  titulação da terra, que depende da União.

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