Ministro do TCU diz que ‘movimento forte’ nas casernas terá ‘desenlace’ imprevisível

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Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Em meio aos atos antidemocráticos contra o resultado das eleições nas quais o presidente Jair Bolsonaro (PL) foi derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) e ex-deputado Augusto Nardes afirmou, em um áudio enviado a grupo de WhatsApp, que há “um movimento muito forte” nas Forças Armadas e sugeriu a possibilidade de ruptura institucional.

“O que vai acontecer agora? Está acontecendo um movimento muito forte nas casernas. Eu acho que é questão de horas, dias, no máximo uma semana, duas, talvez menos que isso, que vai acontecer um desenlace bastante forte na nação. Imprevisíveis, imprevisíveis”, disse ele, segundo o qual
“os próximos dias serão nebulosos e o que vai acontecer de desdobramento não se sabe, mas certamente teremos desdobramentos muito fortes nos próximos dias”.

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Apesar de prever o cenário conturbado, ele, que foi indicado ao TCU pelo próprio Lula, disse não poder dar detalhes do que relata. “Eu não posso falar muito até porque, sim, tenho muitas informações, mas queria passar pra ti, Sartori, e para o teu time aí do agro que eu conheço todos os líderes e sei da importância do agro”, afirmou.

No áudio, o ministro do TCU relatou ainda ter conversado “longamente com o time do Bolsonaro essa semana”, afirmou que o presidente não está bem, por conta os ferimentos na perna, mas disse que ele “tem esperança de poder se recuperar e poder melhorar sua condição física e certamente terá condições de enfrentar o que vai acontecer no país”.

Na conversa ele defendeu que “somos hoje uma sociedade conservadora, que não aceita as mudanças que estão sendo impostas”, ao se referir ao resultado das eleições, e lembrou dos 1980, quando criou um grupo para “se contrapor” a “toda essa transformação” que “acabou acontecendo no Brasil”.

“Criamos um instituto, enfim, fazíamos aulas pra defender a economia de mercado, capital, mas fomos superados pela incompetência de todos nós, claro que lutamos muito, eu estive na época conversando com Ernesto Geisel, com os líderes da época, João Figueiredo, que não tiveram uma visão de que tínhamos que fazer uma transição com um parlamentarismo, e escolher um primeiro-ministro e fortalecer a economia de mercado com princípios que pudessem nortear a nação”, afirmou Nardes, criticando dois ditadores que presidiram o país, em contraposição a Bolsonaro, que em sua avaliação, hoje “despertou a sociedade conservadora”.

Em outro trecho do áudio, Augusto Nardes relembra de sua atuação no TCU, quando teve “a coragem” de “tomar uma atitude” e rejeitar as contas do governo de Dilma Rousseff (PT), desencadeando o impeachment da petista.

“Fiz a minha parte. Em [20]14, eu era presidente [do TCU], alertei a presidente [Dilma Rousseff] em [20]12, [20]13 o que ia acontecer no país, infelizmente não conseguimos diálogo na época. Porque eles nunca aceitaram o diálogo, eles foram pro confronto e agora é um confronto decisivo, eles vão vir para um confronto que nós todos sabemos quais são as consequências, mas nós tomamos uma decisão importantíssima em [20]15, quando eu tive a coragem em 130 anos, pela primeira vez, de tomar uma atitude de reprovar as contas porque encontramos 340 bilhões em [20]15 e [20]16 de irregularidades na nação. E tudo se mostra que vai acontecer novamente”, afirmou.

O ministro defende “acordar, despertar, ter fé e crença” como em 2015, com a mobilização que “desmontou” as “estruturas que eles conseguiram remontar agora”, com a eleição de Lula. “Imagina eles com mais quatro anos de governo o que vai acontecer na nação. Não sei. Vai depender da sociedade se reerguer, retomar a sua força, saber da sua força, saber da sua força”, disse Nardes, sinalizando por pressão social para impedir o mandato do presidente eleito.