Coronavírus: Brasil terá falta de leitos mesmo em cenário mais otimista

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Foto: Folhapress

O avanço do coronavírus submeterá os hospitais brasileiros a pressões significativas mesmo se o contágio da população evoluir de forma lenta nos próximos meses, sugerem projeções de pesquisadores que estudam o impacto potencial da doença no sistema de saúde pública.

Como a pandemia ainda está em estágio inicial no Brasil, é cedo para previsões seguras sobre a sua evolução, dizem os especialistas. Mas os estudos em andamento podem ajudar a identificar áreas despreparadas para lidar com a disseminação do vírus e a acelerada multiplicação de casos.

Cálculos de um grupo ligado ao Cedeplar (Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional) da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) indicam que grande parte dos municípios brasileiros teria dificuldades mesmo com taxas de infecção relativamente baixas se a contaminação aumentar muito rapidamente.

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Em um cenário em que 0,1% da população contrairia o vírus em um mês, os pesquisadores mineiros preveem que faltariam leitos em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) para o atendimento dos casos mais graves em 44% das cidades. Uma taxa de infecção de 0,1% será alcançada no Brasil quando 210 mil pessoas tiverem contraído o novo coronavírus.

Com base na experiência de países atingidos antes pela pandemia, a OMS (Organização Mundial da Saúde) calcula que 14% das pessoas infectadas pelo coronavírus precisarão de internação hospitalar e ao menos 5% necessitarão de atenção maior e de equipamentos das UTIs.

Em um cenário mais pessimista, em que o contágio atingiria 1% da população em um mês, os hospitais de 95% das regiões do Brasil ficariam sobrecarregados, sem leitos para os casos mais graves, diz o grupo da UFMG. Em 51% das regiões, também não haveria aparelhos de ventilação pulmonar suficientes para auxiliar os doentes.

O Brasil tem pelo menos 33 mil leitos de UTI disponíveis para pacientes adultos no SUS e nos hospitais particulares, sem contar leitos para recém-nascidos e crianças, mas a distribuição é desigual. As maiores carências estão na rede pública e nas regiões mais pobres do País: Norte e Nordeste.