Defasagem no preço da gasolina atinge maior valor desde o início de julho

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por Nicola Pamplona | Folhapress

Ilustração

Com a alta do petróleo nos últimos dias, a defasagem no preço interno da gasolina em relação às cotações internacionais atingiu o maior valor desde o começo de julho, antes da série de cortes nas refinarias promovidas pela Petrobras.

Especialistas esperam que a cotação do petróleo se mantenha em patamares altos, o que joga pressão sobre a direção da Petrobras em meio à campanha para reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL), que não quer aumentos antes da votação do segundo turno.

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Segundo a Abicom (Associação Brasileira das Importadoras de Combustíveis), o preço médio da gasolina nas refinarias brasileiras estava R$ 0,31 por litro abaixo da paridade de importação -uma baliza em relação aos preços internacionais- na abertura do pregão desta quinta-feira (6).

É o maior valor desde os R$ 0,40 registrados no dia 4 de julho. Calculada pela Abicom em R$ 0,43 por litro, a defasagem do preço do diesel é a maior desde os R$ 0,52 por litro verificados no dia 28 de junho.

Naquele período, os preços registravam elevadas defasagens por dias consecutivos, em um sinal de que a Petrobras vinha segurando reajustes. Logo depois, o petróleo começou a cair no mercado internacional e a Petrobras promoveu uma série de cortes nos preços em suas refinarias.

Os cortes intensificaram um movimento de queda nos postos, iniciado após a redução de impostos federais e estaduais sobre os combustíveis e usado como um dos trunfos na campanha de Bolsonaro à reeleição.

Escalado ao comando da Petrobras com a missão de “dar nova dinâmica” aos preços dos combustíveis, Caio Paes de Andrade passou a anunciar reduções de preços quase semanalmente para gerar fatos positivos para a campanha.

Agora, com o petróleo em alta, a empresa é pressionada a, ao menos, segurar reajustes até a votação. Para reduzir resistências, Paes de Andrade tenta substituir o diretor Financeiro da companhia, Rodrigo Araújo, por um nome mais alinhado ao governo.

A missão é dificultada pelo corte de produção da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), anunciado nesta quarta-feira (7). Para o banco UBS, a medida deve manter o petróleo em alta por mais tempo.

Em relatório, analistas do banco dizem que o mercado segue pressionado pela maior demanda para substituir o gás da Rússia e o fim do uso de estoques estratégicos na Europa e pelo início de sanções contra importações russas em dezembro.

Assim, dizem os analistas do banco, a expectativa é que a cotação do Brent, referência internacional negociada em Londres, fique acima dos US$ 100 por barril nos próximos trimestres -por volta de 12h30 desta quinta, ele era negociado acima de US$ 94.

“Temos defasagens e viés de alta no mercado internacional”, concorda o presidente da Abicom, Sergio Araújo, que vê necessidade de correção nos preços.

A Petrobras tem dito que sua política de preços acompanha as cotações internacionais mas sem repassar ao consumidor volatilidades pontuais. Afirma ainda que não há prazos estabelecidos para reajustes de preços.