Sediado  pela ALBA, ato pela “valorização “dos Yaôs” é conduzido pelo deputado Eures Ribeiro

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Via ALBA

Foto: CarlosAmilton/AgênciaALBA

A Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) sediou, na tarde desta quarta-feira (4), um ato pela valorização dos Yawôs, Yaôs e Muzenzas. Com o tema “O Yawô de hoje será o babalorixá do futuro”, o encontro lotou o Auditório Jornalista Jorge Calmon e foi conduzido pelo deputado Eures Ribeiro (PSD), proponente do evento, e pelo Pai William de Oxalá do terreiro Ilê Asé Ôpô Babá Obatalademy, coordenador do programa A Voz do Candomblé. Ambos foram homenageados com uma placa de moção de aplausos entregue por representantes da Federação Nacional do Culto Afro-Brasileiro (Fenacab) pelo relevante apoio à religião.

Em sua fala, Eures Ribeiro destacou a importância de o Legislativo baiano receber o evento que prega a valorização e o respeito às religiões de matrizes africanas e declarou apoio incondicional do seu mandato à luta do povo de santo. “Essa religiosidade do povo da Bahia, trazida pelos negros africanos, tem que ser respeitada. Essa resistência tem que continuar, pois temos que lutar contra a discriminação e a intolerância religiosa. Quero dizer aqui que o meu mandato é do candomblé da Bahia, do povo de santo”, enfatizou.

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O coordenador executivo de Políticas para Povos de Terreiro da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), Tiago Henrique, representou a secretária estadual Ângela Guimarães. Ele parabenizou o deputado pela iniciativa e destacou a contribuição histórica do povo africano na construção do Brasil. Ele também enalteceu a importância dos iaôs no cotidiano do Candomblé e classificou-os como “templos vivos dos orixás”. Outro ponto destacado pelo gestor foi o papel dos terreiros nos contextos social, político e cultural nos locais em que estão inseridos. “São o socorro imediato nos locais periféricos onde o braço público não chega”, relacionou.

RESPEITO

Ao longo da tarde, o ato foi marcado por pedidos de respeito ao Candomblé e de união entre os praticantes das religiões de matriz africana. Em sua intervenção no púlpito do auditório, Pai William de Oxalá, responsável pelo programa A Voz do Candomblé, externou as preocupações advindas da luta contra a intolerância religiosa. Ele relatou o caso da morte iaô Willian Ribeiro da Silva, 22 anos, no município de Ilhéus, em julho deste ano, quando saía de um terreiro vestido com roupas do candomblé. “Estive na cidade para saber informações de como andavam as investigações, mas não se sabe se foi um crime fruto do ódio religioso, da intolerância”, disse.

Ao falar da vivência dos iaôs na comunidade religiosa, Pai William de Oxalá pediu aos babalorixás e ialorixás mais acolhimento para os iniciantes. “O iaô é o início, o meio que às vezes não tem fim. Ele é o símbolo do Candomblé. O iaô quer ser ouvido, ele tem problema amoroso, tem problemas pessoais fora do terreiro. Tem que ser acolhido”, orientou. O líder religioso também agradeceu e elogiou o deputado Eures Ribeiro por apoiar a luta do povo de santo.

A egbomi Nice, do terreiro da Casa Branca, também membro da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos e da Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, frisou a importância do evento para o Candomblé na Bahia e falou da importância da figura do iaô. “Todos nós já vivemos esse momento de iaô. É o princípio de tudo. Iaô é renascimento, é você partindo para uma nova era. Tem que valorizar o iaô”, pediu a egbomi Nice, que também cobrou união e respeito para os cultos de matriz africana.

O papel e a importância dos iaôs foram abordados por diversos oradores que falaram durante o ato. A ialorixá Mãe Leu, do município de Catu, disse que o iaô é a pedra fundamental do Candomblé. “É a força, é a luz, é perseverança”, elencou. O tata Marcelo Santos, representante da Fenacab, elogiou a ação de reconhecimento e valorização dos iaôs no Legislativo baiano. Entendemos que nem todo iaô vai ser babalorixá ou ialorixá, mas todo babalorixá ou Ialorixá tem que iniciar na condição de noviço”, frisou. O babalorixá Anderson Passos, secretário de Educação do Município de Aratuípe, destacou a necessidade de valorização dos iaôs e afirmou que cada um deve cuidar dos seus orixás. Ele também defendeu maior união entre o povo de santo. “Candomblé é união. Esse é um espaço de união que deve ser preservado. Na desunião, quem perde é a gente”, alertou.

Ao fim do encontro, houve a entrega de certificados pela participação e a concessão de honrarias a várias lideranças religiosas presentes ao ato. Esta foi a quarta edição do evento promovido pelo projeto A Voz do Candomblé.